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Diocese de Ji-Paraná (RO) lança Caderno Encantar a Política

O lançamento foi promovido pela Escola de Fé e Política da Diocese de Ji-Paraná

Por Daniel Sidel*

Equipe da Diocese de Ji-Paraná

Na noite da sexta-feira, dia 22 de julho, dia de Santa Maria Magdalena, apóstola dos apóstolos, no auditório da Paróquia São João Bosco em Ji-Paraná (RO), Regional Noroeste da CNBB, ocorreu o lançamento presencias do Caderno Encantar a Política.

Dom Norbert Foerster, SVD, bispo diocesano de Ji-Paraná esteve integralmente  na atividade.  Participaram estudantes da 14ª Turma da Escola de Fé e Política, pré-candidatas e pré-candidatos à deputado/a estadual e a federal, vereadoras e ex-vereadores, presidência do CNLB da Diocese de Ji-Paraná, IPER – Instituto Padre Ezequiel Ramin, Movimentos Populares e representantes das Pastorais Sociais da Diocese, além de católicos das paróquias da cidade.

O lançamento foi promovido pela Escola de Fé e Política da Diocese de Ji-Paraná, considerada uma das mais antigas da Rede de Escolas, articuladas junto ao CEFEP – Centro de Fé e Política Dom Hélder Camara, organismo da CNBB. E a Roda de Conversa do referido lançamento teve como tema: “Projetos ‘Seu voto vale vidas’, ‘Encantar a Política’ e os desafios das Eleições 2022” e contou com a assessoria de Daniel Seidel, secretário executivo da CBJP – Comissão Brasileira Justiça e Paz e que integra o Coletivo Nacional do Projeto Encantar a Política.

A coordenadora da Escola, Rosa Souza, fez a acolhida das pessoas presentes e apresentou o Projeto Encantar a Política, seus objetivos e parceiros; Irmã Regina (marista) motivou um momento de mística para refletir e celebrar “como lançar as redes a águas mais profundas do sentido da política e da necessária participação dos cristãos e cristãs de forma consciente nas Eleições”.

Na sequência, prof.ª Márcia Regina apresentou o projeto “Seu Voto vale Vidas” e foi quem coordenou a Roda, passando a palavra inicial para o bispo diocesano, Dom Norbert. O bispo acolheu a todos, destacou a política como “uma das formas mais altas da caridade, porque busca o bem comum”, referindo-se às orientações do Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti, e concluindo, apresentou o assessor com muito entusiasmo.

Prof.ª Márcia Regina retomou a palavra e orientou a metodologia da Roda de Conversa: uma palavra inicial do assessor, por 20 minutos, focada no Capítulo V do Caderno e, em seguida, rodadas de cinco participações da audiência presente, com retorno para comentários e aprofundamento da assessoria. Na sequência, passou a palavra para Daniel Seidel.

O assessor iniciou sua fala pedindo um momento de silêncio em memória ao cantor José Aparecido, artista da caminhada e colaborador da Escola de Ji-Paraná, que havia falecido há dois anos, de forma abrupta, mas deixando um legado importante de testemunho de vida e compromisso com a libertação do povo da região. E seguiu abordando sobre a gravidade da situação política e social brasileira e das razões do Projeto Encantar a Política: resgate da democracia no país, priorizando a eleição de parlamentares.

Prosseguiu, a partir do roteiro de temas do Capítulo V, recordando do Golpe que rompeu com a democracia brasileira em 2016, com impedimento da então presidente; da reação que os setores populares e progressistas tiveram e da necessidade de um governo de união nacional a partir de prioridades absolutas: superação da fome, geração de empregos e renda, cuidado com a Casa Comum, resgate das políticas públicas (principalmente, saúde, educação, assistência social e segurança pública), bem como da “inclusão do povo no orçamento” com investimento de recursos e com a revogação da EC 95/2016.

Destacou ainda quais são os quesitos que o Caderno Encantar a Política apresenta para serem observados nas candidaturas para os parlamentos: Assembleia Legislativa, Câmara dos Deputados e Senado Federal; depois, quais são os critérios para escolha de candidaturas para serem efetivamente apoiadas; e, finalmente, o que podemos fazer antes, durante e depois das eleições, destacando a importância do diálogo com os movimentos populares e sociais e da necessidade de mandatos coletivos e participativos.

Houve a retomada pela Prof.ª Márcia Regina que coordenou o debate em duas rodadas. As falas de participantes trouxeram os desafios acerca da divisão das famílias e grupos, por causa da cultura de ódio e intolerância apoiada pelo atual presidente da República; da necessidade de se investir no diálogo com base em argumentos e no respeito mútuo para avançar na consciência crítica da situação grave do Brasil e da urgência do engajamento de cada pessoa neste mutirão visando resgatar a democracia no Brasil.

Outros assuntos abordados foram a necessidade de orientações pastorais da diocese para que ao mesmo tempo estimular a participação efetiva dos católicos, sem haver a instrumentalização dos espaços da Igreja, mas também sem a marginalização daquelas pessoas que sempre estiveram nas CEBs, nas Paróquias, nas Pastorais e no Movimentos e que agora são excluídas, por estarem se dedicando à participação nas eleições, estimulada pela própria Igreja, em seu Ensino Social.

Abordou-se também a demonização dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda que vem ocorrendo por meio de mentiras divulgadas pelas redes sociais (fake-news), por defenderem os Direitos Humanos e se colocarem contra a política de morte em curso no país e às práticas fascistas, de violência política e de interdição do debate.

Foi muito rica a discussão apresentada pelas mulheres presentes: questionando o que está ocorrendo nas paróquias e ao mesmo tempo apontando para necessidade da presença nas CEBs e Pastorais com os Cadernos Encantar a Política e de como sofrem discriminação por defenderem a vida dos mais empobrecidos e pelo fato de serem mulheres na política.

Destacaram também a urgência de o debate política para as eleições serem “pé no chão”, procurando nos projetos políticos e candidaturas, respostas concretas para a situação de fome e miséria em que se encontra nosso povo e da beleza desse projeto Encantar a Política como uma forma de resgate da dignidade da política acima da economia e da esperança em movimento para distribuir a riqueza que existe no Estado de Rondônia e no Brasil.

A assessoria ofereceu chaves políticas para compreensão da situação, traduzindo o conceito de necropolítica e da necessidade de construir estratégias coletivas para o trabalho de base, de forma popular e partir de uma leitura contextualizada da Bíblia, com compromisso, humor, arte e alegria, como forma de enfrentar o fascismo e o negacionismo. Destacou a partir da passagem do “milagre da partilha dos pães” (Marcos 6, 30-44), como Jesus Cristo atua na superação de problemas sociais, em sete passos.

Feitas as considerações final por parte de Rosa Souza e de profª Márcia Regina, Dom Norbert, bispo diocesano, incentivou à participação efetiva dos cristãos nas eleições para uma escolha consciente de representantes comprometidos com a vida humana e da Mãe-Terra, Casa comum à qual pertencemos e que nos acolhe a todos, e abençoou as pessoas presentes, enviando-as para a preciosa missão de atuar na política.

 

*Daniel Seidel, 55 anos, é secretário executivo da CBJP, mestre em Ciência Política (UnB, 2006), educador no CEFEP, membro da Coordenação Nacional do Movimento Fé e Política, da Executiva das Pastorais Sociais, assessor da REPAM Brasil e integra a comissão nacional Fé e Política do CNLB.

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