Artigo publicado originalmente no site do Instituto Humanitas Unisinos.
“A política é o melhor e o mais rápido caminho para que haja ampliação de direitos e o aprofundamento das garantias individuais e coletivas da sociedade como um todo e dos menos favorecidos em particular”, afirma Toninho Kalunga, membro do Núcleo Nacional da Teologia da Libertação Política e Religião.
Eis o artigo.
Neste último final de semana, de 13 a 15-05-2022, nos reunimos, no Centro Cultural de Brasília, um espaço de formação e encontros dos Jesuítas, no Distrito Federal, juntamos um grupo de cristãs e cristãos católicos de todos os estados brasileiros e do distrito federal em um seminário com o propósito de analisar, refletir e discutir a nossa participação, enquanto cristãos e cristãs, na política. Participaram de maneira presencial 80 representantes das pastorais, serviços, movimentos dos 18 regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB, além de representantes de outras Igrejas Cristãs.
O diagnóstico é que houve, nos últimos tempos, uma demonização da política, dando como fato concreto que tudo que vem da política é mal e que política é coisa de bandido, que não existem políticos honestos e honestas. Isso traz uma desmobilização por parte da sociedade no que se refere ao acompanhamento dos poderes constituídos e facilita a ação de pessoas que não tem nenhum compromisso com as boas práticas na vida política.
O prognóstico é que essa postura de afastamento da política gerou em quem acredita ser “bom” ou os que dizem “não quero saber de política” a permissão que gente muito do mal chegasse ao poder político, produzindo um governo errante, desorganizado e estruturalmente débil, contudo, utilizando de um discurso supostamente conservador, com um parlamento trôpego e uma maioria parlamentar que impede a fiscalização dos atos do Poder Executivo e que ao invés de defender, propõe a retirada de direitos conquistados nos últimos 50 anos, como nem mesmo no período da ditadura houve essa ousadia contra o povo.
A política é o melhor e o mais rápido caminho para que haja ampliação de direitos e o aprofundamento das garantias individuais e coletivas da sociedade como um todo e dos menos favorecidos em particular. Também é através da política que se consegue propor coisas novas que, uma vez transformadas em políticas públicas, favorecem essa mesma sociedade
Então, é necessário que as pessoas escolhidas para serem representantes do povo nos poderes legislativos, que são os parlamentos, sejam comprometidas com pautas que elevem a política ao patamar da decência e da defesa dos princípios democráticos, econômicos, políticos, sociais e ambientais que elencamos na carta que deverá ser assinada pelos candidatos que se comprometam com estes princípios que é o que é necessário para fazer da política o alicerce e o arrimo daquilo que vamos chamar de cidadania.
É com estes propósitos que as cristãs e cristãos católicos, ligados a diversas, pastorais, comunidades, dioceses, congregações, movimentos e organismos ligados à Igreja propõem que possamos ENCANTAR A POLÍTICA. Permitir e refletir que encontremos beleza na atividade política é o caminho para escolher pessoas que venham representar nossas utopias e defendam os direitos humanos elementares de ter Terra, Trabalho e Teto, assim sendo, garantir a dignidade humana e o futuro do povo brasileiro.
A partir de agora, a ação será a de levar para os estados, para as dioceses, cidades, paróquias e comunidades essa discussão. Temos que envolver religiosos e religiosas, leigos e leigas e agregar nesse debate, os futuros representantes do legislativo, que estejam comprometidos com os princípios da carta.